terça-feira, 7 de outubro de 2008

Escuridão

A escuridão do mundo demonstrava a hora tardia da madrugada.

Aquele quarto, que antes fora cheio de sons e ensolarado, e agora era silencioso e iluminado por uma fraca luz de uma luminária em cima de uma Escrivaninha amarrotada de papéis.

O jovem que ali se fazia presente rabiscava em cima de uma folha algumas palavras nostálgicas, enquanto algumas lagrimas, contidas nos últimos dias, começavam a rolar pelo rosto esquálido e branco.

O relógio na parede marcava os compassos do silencio, que era quebrado vez ou outra por um latido distante, ou até mesmo o barulho de um carro numa rua próxima.

A caneta agora chegava na metade da folha, feroz e rápida, tal qual seu coração.

TIC. TAC. O relógio comandava, alheio a esse desespero, o ritmo calmo desta noite, como em todos os momentos da vida. Vida esta que era em parte retratada naquele texto. Um grito ensandecido de uma mente embriagada de emoções tóxicas, as palavras jorravam, sem parar daquelas mãos tão brancas quanto a própria folha debaixo delas.

A página chegara ao seu final. O rapaz então se levantou e apanhou um objeto qualquer sobre a mesinha de cabeceira. Sentou-se novamente na cadeira que estava e apagou a luz da velha lamparina. Ficou ali algum tempo, inerte, flutuando naquele breu.

O som do relógio parecia mais alto. Já não havia mais o som de vira-latas ou do motorista bêbado que voltava para casa. O relógio dominava aquele momento, e tudo ao redor. Eis então que um único som, seco e muito alto, pôs fim a esse domínio temporal.

O carmim do sangue misturou-se ao negro da noite. A pistola que antes estava sobre o criado-mudo, jazia ao lado daquela mão alva jogada ao chão.

A carta sobre a mesa desfiava a triste historia de uma desilusão. Os atos impensados daquela que um dia o escritor desta carta chamara de sua, tornou o coração do jovem tão negro quanto a noite que batia à janela.

Porém, a serenidade do rosto do rapaz não demonstrava outra coisa senão serenidade. O relógio já não batia. Para ele, o tempo já não existia mais.

3 comentários:

Nathy disse...

tive uma impressão de suicídio. é isso mesmo?

até parece poético. apesar de sombrio.

tu escreve muito bem. adoro!

beijos!

M. Baptistella disse...

linha final muito eistein


gostei bastante :]

Filipe disse...

"Porém, a serenidade do rosto do rapaz não demonstrava outra coisa senão serenidade..."

porra, nem tinha visto isso!!! tudo bem, voces entenderam... poderia ser "Porém, a serenidade do rosto do rapaz não demonstrava nada mais"

ou então
"Porém, o rosto do rapaz não demonstrava outra coisa senão serenidade"

como preferirem XDDDD

nem tinha visto esse erro T-T