terça-feira, 9 de junho de 2009

Perguntas de um aluno...

Os negros esperam
Ver contada sua História.
Zumbi, Agostinho, Antônio Cândido
Na ciranda de nossa memória.

Os índios, também, ainda esperam
Que os liberte alguma filosofia.
Guiados por Sepé, Angelo Cretã e tantos outros
Que lutaram ao ver que seu povo morria.

Quando que nós, latinos,
Nas páginas ensanguentadas
Dos livros de História
Vamos aparecer?!

Quando que os pobres
Vão ser lembrados
Pelos especialistas
Que tudo julgam saber?!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tratado sobre o Amor

Morte! Dor na carne! Ódio profundo! Olhos injetados de sangue explodindo de raiva! Nojo eterno porém mortal dessa carcaça nojenta sobre o mundo! Uma constelação de profundo desprezo pairando sobre nossas cabeças despejando toneladas de escarro milenar! Profundo ódio pelas coisas que vem à nós! Vomitarei insultos mil aos seres deste odioso lugar! Matarei as estrelas que vejo e estraçalharei o Universo com minhas mãos cobertas de feridas! Vermes pútridos! É isso que sois! Odiosas entidades luminosas de dor e desprezo! Escarra em minha cara e me queima de raiva! Nojo dessa desprezível visão infernal que sou obrigado a agüentar! Maldito lugar repleto de nada volte de onde veio e feche-se sobre si mesmo! Acaba com essa existência irracional e cicatriza essas nojentas feridas espaciais! Raiva cancerígena matando na velocidade da luz! Podridão universal sangrando meus ouvidos! Explode minha cabeça! Abra minha mente e deposita a maldita maçã do conhecimento! Abra minha caixa de Pandora! Mata! Mata! Mata o pecado sobre mim! Pecador que sou matarei! Matarei! Matarei e matarei de novo! Até que a mortalidade me pare! Pois sois eterna oh raivosa Estrela Sanguinária! Me guia pelos caminhos do sangue para que minha veias explodam com o ódio contido por eras! Me joga no mais profundo Abismo de escuridão trevas e dor! Rasga minha carne com garras de estrelas flamejantes! Cubra teu rosto abissal de pústulas solares! Gangrena maldita coberta de vermes! Abutres da raiva humana! Voem sobre nossas cabeças e comam nossos corpos! Comam com nojo e desprezo! Vomitem os restos mortais sobre a terra disforme e mal-tratada! Gelem nossos corações! Corrupção estelar! Abraça o ódio que vos trago! Abraça esse filho da raiva e encha seus pulmões de pó de estrelas!
Supernova de desprezo! Morte destruição e extinção! Desrespeito vossa santidade! Gangrena infernal das galáxias! Chega ao centro do Universo e amputa teus membros! Degola a garganta inflamada e dolorida do Mundo e grita ÓDIO! RAIVA! MORTE E DESTRUIÇÃO SOBRE VÓS! Canta a sinfonia da peste! O réquiem do amor! Suicídio do Milênio! Queima e come as cinzas desse desafeto precioso! Rouba a jóia dos homens! Genocídio e crime! Homicídio e estupro! Abra nossas crianças e beba suas lágrimas salgadas de dor e incompreensão! Aprenda a odiar assim como fizeram teus filhos! Arranca nossa pele e engula! Engula! Engula! ENGULA!!!
Oh Idéia do Mal! Eu te ODEIO! Oh Dama das Estrelas! Eu te DESPREZO! Oh Carnificina Mortal! Botarei o dedo na tua cara e direi tudo que penso!

-“Eu te amo”.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Argumento - A câmara do Caos

" Me diga meu amigo Wart
   O que há alem do mar
   Que separa nossos futuros
   Que em comum só tem o escuro

   Me diga quanto tempo viemos
   Idolatrando um ser que não entendemos
   E só por ser mais forte
   Decide a nossa morte

   Nossos pais e nossos avôs o seguiram
   Exceto aqueles da lenda que fugiram
   Mas sofreram como todos os outros
   Viveram muito mas viveram loucos

   Me diga meu amigo antigo
   Há quanto tempo tem acontecido
   Essa fatalidade a nossa raça
   Será que fomos sempre a caça?"       

 Antiga Cantiga Wart


" O Senhor controla o destino de tudo e todos. É onipresente, todo-poderoso e seus olhos alcançam todas as terras. É dada a sua excelencia todos os direitos que forem requisitados, dia e noite, noite e noite, noite e dia."

Mandamento do Oeste



" O caminho do destino, é o caminho do dever. O homem que trilha por si e pelos outros é recompensado, mas basta um pensamento equivocado e sua danação está terminada. Esta é a profecia e assim sera por toda a eternidade."

Desconhecido


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Valsa Nº 8

O desejo que demora e não vem
A árvore genealógica, o giz
O tempo muitas vezes passa de trem
Pela soma de todas as coisas que fiz

A concumbência das virtudes
De um Amanha que ja perdido
Eleva-se em magnitude
Mas morre em tempo constituído

Aquela casa cheia, as cartas sobre a mesa
Os melhores tempos de sua vida e você não viu
O filho que chegou, os amigos que se foram
A época de ser feliz acabou naquele mês febril

Na rede de bobeira, com a barba mal feita
Você ficou no escuro, e assim não se feriu
O violão na mão e a projeção de um futuro
Seu mundo desabou naquele fatídico abril

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Lago do Vale dos Eucaliptos

Distrai-se com as folhas de outono
Caídas, obra do vento
E volta a uma infancia remota
Se perde em pensamento

O tempo, o mar, os campos
Enriquecem a mente
De uma menina bela, sonhadora e inocente

É duro perder alguem e ser incapaz de agir
Sofrer por conhecer uma estrela e não poder pedir
Difícil é salvar a sanidade prestes a sumir
por tentar amar alguem que foi pra um infinito longe de ti 

Vivemos no melhor dos mundos
E procuramos sempre mais
E se habitássemos outro,
será que estaríamos correndo atrás?
Deixe de pensar que a consciência é sua amiga
Se você não sabe o que é a morte
Como sabe o que é a vida?

"Parou para observar o caminho
Chegara entao ao topo da colina"
Sua mente longe da cidade que deixou
E de tudo que esqueceu para ficar sozinha

Uma mudança drastica para pais despreocupados


Esse poema é baseado no conto que estou escrevendo, "A maçã Ametista" no blog
http://macaametista.blogspot.com/, o primeiro capítulo esta sendo terminado e eu espero que você acompanhe ;D

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pepita

Ao andar, por não sei onde,
Avistei uma mina.
E, pasmo, observei seu solitário morador.
Enegrecido por sua ilusão.

Soterrado em suas preocupações,
Pobre trabalhador das minas,
Perdido em suas convicções,
Asfixiado na névoa da razão.

Procura pepitas...
Procura carvão...
Pobre mineiro,
Mal sabe ele que perdeu seu coração.

Procura a riqueza
Esquece-se do mundo
Soterrado em suas ambições
Sonha com ouro para desfrutar o que é gratuito.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sobre Afrodite, Hefesto e Morfeu

Acordo suando frio de mais um daqueles horríveis pesadelos que me atormentam desde que você se foi. Olho para o relógio, três horas da madrugada. Deito minha cabeça de forma violenta no travesseiro e fico olhando para o teto escuro. Um suspiro doloroso sai do meu peito. Consigo ver teu rosto projetado nas sombras, olhos azuis, cabelos da cor do Sol. Pego o teu retrato para ter certeza de que era assim mesmo. Não, eu não estava errado, ainda me lembro de ti. Passo meus dedos sobre a foto, ponho teu rosto no meu peito e volto a dormir. Os pesadelos recomeçam. O fogo come a madeira naquele lugar e encobre as paredes daquele quarto vermelho que aos poucos vai se tornando negro. Vejo-te deitada na cama e fico observando as chamas te consumindo aos poucos, lentamente deformando o belo rosto, as mãos perfeitas, as pernas magníficas. Tenho a impressão de que tu queres gritar, mas o fogo está devorando tua garganta por dentro e por fora, sufocando-a em fumaça negra. Não sei por que, mas acho graça de tudo aquilo. Talvez porque não seja bem um pesadelo, mas sim uma recordação. Talvez se eu tivesse me controlado, talvez se tu não tivesses falado tanta besteira, acho que não precisava ser assim. Acordo mais uma vez, hora de trabalhar.
Enquanto ando na rua movimentada vejo estampado nas pessoas o teu rosto, metade queimado, metade intacto. A garganta com um buraco e os olhos lacrimejando. Finalmente chego ao meu escritório. A maldita secretária me recebe com um “bom dia” e eu apenas aceno com a cabeça. Porque ela não fica quieta? Desgraçada, talvez devesse ser ela queimando aquele dia.
Entro na minha sala. O frio que vem da rua me faz congelar e decido acender a lareira. Sinto sono, muito sono. Deito-me no divã e deixo que joguem areia nos meus olhos para que eu adormeça mais uma vez, para que mais uma vez o sono me traga pesadelos, para que mais uma vez eu te veja.
Desta vez tu estás sentada debaixo de uma árvore segurando uma flor entre os dedos queimados, o rosto disforme olhando as pétalas caírem uma por uma. Sinto uma culpa avassaladora esmagando o meu peito, me fazendo cada vez mais recuar para longe de ti. Estou mais uma vez no meu escritório e a lareira me mostra o que eu deveria ter feito há muito tempo. Ponho minha cabeça ali e deixo queimar. Olhos ardendo, boca seca. Um grito meu é abafado pelas mãos poderosas de Hefesto. Tenho a impressão de que já fiz isto antes. A diferença é que agora não é apenas um pesadelo.